Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial conduz projeto contra assédio nas instituições de segurança pública de Alagoas
Por 3° sgt Thássia Santos
Como continuidade do Projeto “Mulheres em Segurança, assédio não!” do Ministério Público Estadual (MP/AL), foi realizada uma palestra na manhã desta quarta-feira, 18, no auditório do Quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL), junto ao efetivo feminino da corporação.
O projeto está em sua primeira fase, que é a captação de informações através do questionário junto ao efetivo feminino das instituições de segurança pública de Alagoas. No âmbito do CBMAL, o índice de preenchimento do questionário encontra-se na faixa de 50%, precisando no mínimo de 70% para constituir uma margem segura de dados.
A Promotora Karla Padilha, responsável pela Promotoria do Controle Externo da Atividade Policial, explicou que a ação do MP/AL servirá como projeto piloto para ser replicado a nível nacional pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, devido sua importância. “Esse tipo de ação repercute durante toda a vida, podendo provocar até um desestímulo no exercício da profissão. Precisamos nos apropriar da consciência de que não devemos admitir que as coisas erradas sejam vistas como normais dentro das instituições”, explicou a promotora.
A major Aline Agra, sub-ouvidora do CBMAL, destacou que a mudança deve vir desde a formação dos novos bombeiros. “Para que possamos ter um olhar diferenciado para os homens desde a formação. Não devemos apenas instruir as mulheres, mas olhar pra os homens para que eles saibam a importância do respeito às mulheres”, ressaltou a oficial.
A professora Elaine Pimentel, pesquisadora da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), falou sobre o caminho positivo que vem sendo tomado pela corporação. “Aqui no CBMAL, foi criada uma Ouvidoria e também está sendo desenvolvida uma política de valorização das mulheres, representando o começo de um caminho a ser percorrido. As mulheres precisam se envolver nesse processo e participarem mesmo que ainda não tenham sofrido diretamente, mas geralmente conhece uma colega de trabalho que já passou. É uma luta para mudança de cultura e isso é bem difícil. É uma forma de mostrar como as instituições devem se organizar para que essas situações não sejam comuns, e a partir dessa pesquisa estamos construindo uma política pública que faça cessar essa forma de violência”, relatou ela.
Após a captação de informações junto às profissionais de segurança pública, a Promotoria e instituições parceiras irão analisar os dados obtidos e traçar medidas de enfrentamento ao assédio, como punições, prevenção através de campanhas de conscientização, encorajamento das mulheres assediadas a denunciarem os agressores, criação de canais eficientes de recepção de denúncia, implementação de uma política de apoio e proteção às vítimas, entre outras ações.
As bombeiras militares que forem vítimas de assédio dentro da corporação podem procurar a Ouvidoria Geral do CBMAL, bem como o Ministério Público Estadual para denúncias.